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Arquivos Implacáveis Meyer Filho

 

 

O livro Arquivos Implacáveis Meyer Filho foi criado a partir da noção de arquipélago-sistema solar, no qual ilhas-planetas são formadas por aspectos pessoais, artísticos, sociais, profissionais, políticos e históricos da vida e da obra de Meyer Filho. Ilhas-planetas estas que remontam à geografia dos lugares em que o artista viveu: a Ilha de Santa Catarina e o planeta Marte. Estes movimentos, da ilha ao cosmos, organizam situações e discursos que questionam as noções de local e universal, de cultura popular e erudita e, por que não, as noções de loucura e processo artístico.

 

Organizado por Gabi Bresola e Kamilla Nunes, tem o projeto gráfico de Vanessa Schultz com capa e ilustrações de Pedro Franz. Possui duas partes: a primeira formada por 6 ilhas onde estão dispostas reproduções de arquivos e obras; e a segunda formada por uma seleção de textos críticos sobre a obra do artista publicados em jornais de diferentes épocas, textos do próprio artista, textos de Kamilla Nunes, Clarissa Diniz, Bianca Tomaselli, Sandra Meyer e Gabi Bresola e uma cronobiografia e currículo elaborados por Aline Natureza.

Edição: Instituto Meyer Filho e Cais Editora

Organização: Kamilla Nunes e Gabi Bresola

Páginas: 424

Valor: R$ 93

Frete: R$ 25 (para todo o país)

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sobre o artista.

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Meyer Filho

O artista plástico Ernesto Meyer Filho nasceu em Itajaí, estado de Santa Catarina/Brasil, em 4 de dezembro de 1919, vindo a residir em Florianópolis, capital de Santa Catarina, quatro anos depois. Autodidata, aprendeu sobre desenho, pintura, ilustração, história da arte e história natural através de manuais e livros sobre o assunto, uma vez que não havia escolas de arte em sua época em Florianópolis. No ano de 1946, época em que residia na cidade de Curitiba (Brasil) como funcionário do Banco do Brasil, decide seguir o desejo de ser artista, após visitar uma exposição de trabalhos modernistas feitos por artistas franceses. 

No final da década de 1940 o movimento de arte moderna acontecia na capital catarinense através de manifestações artísticas conduzidas pelo Círculo de Arte Moderna (CAM) e pelo Grupo Sul, do qual faziam parte escritores, poetas, pintores e cineastas, além do próprio artista Meyer Filho, que ingressou no Grupo Sul após seu retorno da cidade de Curitiba, no início dos anos 1950. O Grupo Sul propagava suas ideias através da “Rrevista “Sul”, da qual Meyer Filho era um dos ilustradores. Também neste período de efervescência cultural foi criado o Museu de Arte Moderna de Florianópolis (MAMF), em 1949, atual Museu de Arte de Santa Catarina (MASC). 

Meyer Filho é referência no contexto da arte moderna catarinense, tendo sido um dos seus precursores. Realizou, em 1957, juntamente com o artista plástico Hassis (1926-2001), a primeira exposição de Pintura e Desenhos de Motivos Catarinenses. A mostra rompia com o academicismo e lançava perspectivas modernistas no contexto da arte no estado. 

Em sua trajetória artística e cultural, Meyer Filho promoveu o desenvolvimento de um circuito de arte local e nacional. Foi um dos fundadores do Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis – GAPF, tendo também organizado, em 1958 e 1959, os dois primeiros Salões de Arte Moderna de Santa Catarina, fora do estado. Em 1958, realizou a primeira individual de um artista catarinense no Museu de Arte Moderna de Florianópolis, atual Museu de Arte de Santa Catarina. 

Suas primeiras exposições no Rio de Janeiro, na Galeria Penguin, em 1960, no Museu de Arte de Belo Horizonte, em 1961, e na Casa do Artista Plástico, em 1963 e 1964, receberam críticas entusiásticas, publicadas na Folha de S.Paulo, Revista Habitat e na Revista Módulo, os periódicos mais importantes da época, com textos de Flávio de Aquino e Theon Spanudis.

Sua atuação no contexto cultural incluía a criação de charges e a escrita de crônicas que foram publicadas em jornais catarinenses entre os anos 1940 e 1980, em especial no Jornal O Estado, ocasião em que o artista refletia sobre arte, cultura e cidadania, tendo sido um observador crítico, mas não menos humorado de acontecimentos sociais e políticos, locais e mundiais. 

O acervo acumulado durante as décadas de 1940 a 1980 foi nomeado pelo artista como “Arquivos Implacáveis de Meyer Filho” e revela acontecimentos relativos às suas estratégias de atuação fora do eixo hegemônico das artes de sua época, bem como guarda importantes fatos da memória do movimento artístico de Santa Catarina, especificamente do surgimento da arte moderna. Meyer Filho costumava arquivar o acervo registrando comentários e testemunhos pessoais através de desenhos e escritos em forma de crônicas e diário aberto, nomeados pelo artista de “croniquetas”, cujo conteúdo revela o seu olhar singular sobre fatos relacionados à arte e cultura catarinense e nacional, bem como ao cotidiano da cidade de Florianópolis. A potência imagética de suas pinturas e desenhos não está dissociada das autobiografias e anotações perspicazes em documentos e obras, das entrevistas concedidas por ele aos veículos de comunicação, da sua vida pessoal e de bancário, dos quintais e viveiros organizados como espaços de criação, bem como dos relatos sobre suas viagens a Marte. 

Meyer Filho conciliou a carreira de artista com a de bancário, tendo sido funcionário de um banco federal por “30 anos e 61 dias, e sem nenhuma falta ao serviço e nem úlcera no estômago”, como costumava comentar. Participou de exposições individuais e coletivas em Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, além de Argentina e França. Possui obras em Museus de Arte de Florianópolis, Belo Horizonte, Joinville, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Curitiba, São Paulo e coleções particulares no Brasil e no exterior. O artista faleceu em 22 de junho de 1991, em Florianópolis. 

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